Wednesday 31 August 2005

O Mundo numa cesta

«Antes de irmos de férias a avó vem cá almoçar a traz o almoço, queres vir?», disse-me a minha mãe.

Imaginei várias sandes, porque a minha avó é de trazer tipo umas sandes de ovo, ou carne assada. Aceitei porque o horário estava a favor e gosto sempre de ver a minha avó. Apesar de a conhecer, não estava preparada para o que veio a seguir.

Cheguei ao jardim de S. Pedro de Alcântara por volta do meio-dia, há lá umas mesas. Estavam os dois, avó e avô, frente a frente. Toalha posta. Beijinhos, como é que vais, e que tal a viagem, alguns telefonemas.

De repente a minha avó linda saca de uma cesta e começa a tirar tupperwares. Um com filetes, outro com tomate. «Levantei-me às cinco da manhã, já não conseguia dormir, e fui fritar os filetes», diz enquanto pôe a mesa. Saem pratos, talheres, guardanapos, pão, copos de plástico - a única coisa que esqueceu, mas que uma viagem ao café para comprar batatas fritas resolveu. Ataquei logo, não tinha tomado o pequeno-almoço.

Mas depois começam a sair tachos da cesta. Sim, no plural. Um com favas - «Já as fiz ontem à noite. Se quiseres tira mais, e um bocadinho de chouriço», outro com carne assada. Começo a ficar preocupada, a mesa já está cheia. Ainda há água e um garrafinha de vinho.

Chega a minha mãe já eu estou meio cheia. Ataco na carne, tirei favas só para ver como estavam boas, afinal até eram só para levar para casa.

Passam turistas cheios de água na boca ao verem este piquenique do céu.

Da cesta sai um bocado de queijo da Ilha. Depois sacos com pêssegos, uvas e pêras. «Come esta, que é grande e está pouco madura», diz ela.

Não aguento mais, mas da cesta ainda saem palitos «rainier», anuncia ela. «La reine», corrige a minha mãe. Não interessa.

Faltou a máquina de café naquela cesta, mas não lhe levo a mal. Fomos à Padaria de S. Roque, safou.

Amo a minha avó. De paixão.

Monday 29 August 2005

Alguém me explica...


...porque é que os furacões têm sempre nome de gaja?




(Katrina em acção, foto AP)

Réptil aceite

Ora a Rosa e o seu sorriso lançaram um desafio daqueles que a malta gosta e dá bué comentários. Eu só tenho pena que só se possa escolher três...

«Digam três figuras públicas que vos convenceriam a ser gay, pelo menos por uma noite».

Ora eu vou dizer 4, porque a primeira é montanha de categoria especial, hors-competition... E já que isto é para sexo - pelo menos a referência a uma noite assim o sugere -, cá vai:

- Michelle Pfeiffer - Com qualquer penteado, em cima de um piano, de túnica medieval ou roupa de empregada de mesa. Mas sobretudo com um fato de catwoman...

- Beyonce - Porque apetece simplesmente comer. É gira, usa roupas ousadas sem se importar com a coxa roliça mas firme.

- Maria Sharapova - Game, set, match

- Scarlett Johansson - começa logo no nome. Depois, nos filmes, tem um ar tão normal que dá esperança a nós todas.

Havia muitas mais (não só para sexo), mas se só me deixam escolher três, perdão, 4, fica assim.

Sunday 28 August 2005

Fascinada por estes olhos


A arte do coça para dentro

A SIC tem muita coisa boa, como as Donas de Casa Desesperadas, mas também tem muita coisa de má, como cortar o genérico dos filmes (e o horário das Donas, claro).
Depois, tem uma coisa verdadeiramente irritante: a autopromoção. Já se sabe que os intervalos são longuíssimos, mas sempre que aparece uma auto-promoção a gente acha que a parte seguinte do programa que estamos interessados em ver vem já a seguir. Puro engano, como no anúncio.

Mas pior, pior, é haver programas exclusivamente dedicados a estas coisas, como o Extase e o 5 estrelas. No Extase, ao sábado, um tipo com ar de mariconço entrevista um brasileiro qualquer, devidamente apenso a uma ou mais das 452 novelas que a SIC passa por dia (e gostam sempre muito de portugal e até têm antepassados cá, como o Lima Duarte que tinha um avô que era «lá de cima», de Vila Real de Santo António) ; há também umas miudas que vão a festas ou fazem trapalhadas em eventos (gosto taaanto desta palavra) e sobra sempre um espacinho para o tal do Ricardo Pereira, que faz aquele sotaque irritante, seja porque ele espirrou ou papou mais uma brasileira.

Pior, pior, pior é o de domingo, o 5 estrelas, que é programa sobre os programas, ou seja o expoente da redundância. Cá vai um exemplo:
- no extase o Daniel Nascimento fez uma entrevista profunda ao Kapinha à beira-mar, ou lá o que era, em que soubemos que lhe faltam umas cadeiras para acaba o curso e é o herdeiro da casa Sonotone;
- no 5 estrelas, a gira da Liliana - que aqui há uns anos era bibelot no programa do juiz - entrevistou o Daniel quando ele se preparava para entrevistar o Kapinha. Confusos? Claro que não, apenas enojados com este coça para dentro. Pelo menos eu. E diz ela: «Estás nervoso?» «Quer dizer, não me ficava bem dizer que não estou, mas eu conheço o Kapinha, que é uma jóia», responde o Daniel. Ou seja, temos amigos a entrevistar amigos que se preparavam para entrevistar amigos. Uma complicação. E apetece mesmo perguntar para que é que isto serve, se é mesmo só para mostrar os amigos ao mesmo tempo que nos embrutece os sentidos. Dizem eles que é porque as pessoas gostam muito de ver os bastidores dos programas, e não sei quê, uma óptima desculpa para promover quem apetece.
A RTP também já tem um programa destes - como o extase - , com o inenarrável Daniel Oliveira, que aproveita e vai também aos bastidores dos programas (da rtp, claro) e tem o seu próprio Ricardo Pereira no Jorge Gabriel.

E perguntam vocês: Ó IB, então mas se não gostas disso porque é que estavas a ver? Eu respondo: Não tenho culpa, estava só a programar o vídeo com uma cassete de quatro horas para apanhar o Donas de Casa Desesperadas que dá algures durante a tarde.

Saturday 27 August 2005

Wild is the wind

(Favor imaginar Nina Simone e um piano)

Love me love me love me
Say you do
Let me fly away with you
For my love is like the wind
And wild is the wind

Give me more than one caress
Satisfy this hungriness
Let the wind blow through your heart
For wild is the wind

You... touch me...
I hear the sound of mandolins
You...kiss me...
With your kiss my life begins
You're spring to me
All things to me

Don't you know you're life itself
Like a leaf clings to a tree
Oh my darling, cling to me
For we're creatures of the wind
And wild is the wind
So wild is the wind
Wild is the wind
Wild is the wind

(1957, Dimitri Tiomkin, Ned Washington)

Friday 26 August 2005

A minha Natasha

Nunca gostei de ir ao cabeleireiro. Não é por causa do cabelo que lá fica, eu sei que volta a crescer e farto-me de o dizer a quem sai de lá em lágrimas. Não gosto porque, durante muitos anos, nunca fui eu a escolher o tipo de corte e além disso aborrece-me ter de esperar, além dos nomes delas: a Tila, a Cila, a Pitucha, a Cidália. Foi por isso que escolhi uma Natasha. Mas já lá vamos.

Vendo as minhas fotos da escola, em sou sempre a que está de cócoras ou de joelhos, porque era sempre a mais alta e tinha de dar os lugares em pé aos mais pequenos - que raio de ideia, pôr-nos de joelhos! Pensam que não dói estar ali com os joelhos no alcatrão e ainda por cima a sorrir? Além disto, eu sou aquela que tem sempre o cabelo curto. «É mais fácil de lavar e pentear», dizia a minha mãe, aquela que decidia. Portanto: de joelhos, cabelo curto e camisa de flanela abotoada até acima, com calças de bombazine. Era um autêntico rapazinho, ainda por cima só furei as orelhas depois da quarta classe. Nesse ano lá consegui levar um vestido (que não se viu porque me calhou a posição do meio...), o que sempre é melhor do que não ter os dentes da frente.

Quando deixei de ir com a minha mãe – tudo acabou quando a «Tila» me fez um penteado «à rapazinho» e mo espetou em cima com gel -, passei a ir aqui abaixo de minha casa. Era barato e perto o suficiente para correr até à porta da rua, subir, lavar logo o cabelo e pentear à minha maneira. O corte era eu que escolhia, até ceder e no 12º ano cortar curto de novo. Erro crasso, cresceu o suficiente e já estava apresentável quando entrei na faculdade.

Depois apeteceu-me arriscar e há dois anos fiz um curto cool, uma espécie de curto-comprido. Fui a outro sítio e saiu-me a russa Natasha. Ela é fantástica. Mede o comprimento que vai cortar com o pente, corta quase cabelo por cabelo. Da primeira vez que lá fui nem lavei o cabelo quando cheguei a casa. Ainda não acertou no brushing, mas está quase perto. É por isso que não me importo de lá deixar 35 euros, como hoje (com gel e amaciador), ou mais quando me lanço à aventura com um levantamento de raízes. E lá vou preenchendo o meu cartão fidelidade. Esta é a minha Natasha e eu gosto dela.

Thursday 25 August 2005

Na grafonola * toca...

* obrigada Radar, não sei o que faria sem vocês (mas sei o que vocês fariam sem os anúncios dos móveis de todo o mundo e do pagapouco)

ora, toca John Butler Trio, nomeada e particularmente «Zebra»
(ai quando eu me aventurar a espetar aqui com sons...)

31 songs

Era para ter feito isto antes de aparecer aquilo das idiosincrassias, mas pronto.
O Nick Hornby tem finalmente um livro novo – chama-se Um Grande Salto e só o descobri hoje -, mas queria mesmo era falar de outro, que se chama 31 Songs. É sabido o gosto dele por música – Alta Fidelidade estrutura-se, quem diria, num sistema de listas para quase tudo -, por isso fez esta compilação de 31 músicas que o marcaram ao longo da vida. Nem todos os comentários atribuídos a cada música são humorísticos, mas tem piada que até tenha incluído o Fly Like a Bird da Nelly Furtado.
Sendo assim, tentei fazer a minha própria lista de 31 canções - de sempre - e descobri que se 5 não é nada fácil, 31 muito menos. A ordem é aleatória.

Os amigos do Gaspar, Sérgio Godinho
Walk Away, Ben Harper
Whiter Shade of pale, Procul Harum
Bloodflow, Calexico
The End, The Doors
Sullen Girl, Fiona Apple
Grace, Jeff Buckley
Last Night, The Strokes
Fake Plastic Trees, Radiohead
Bodies, Smashing Pumpkins
Sinnerman, Nina Simone
Essa moça tá diferente, Chico Buarque
Clandestino, Manu Chao
Human Behaviour, Bjork
Serpentine, dEUS
Born to Run, Bruce Springsteen*
Of The Girl, Pearl Jam
Under the Bridge, Red Hot Chili Peppers
Águas de Março, Tom Jobim (c/ Elis)
Rebel Prince, Rufus Wainright
Lounge Act, Nirvana
Shiver, Coldplay
Summer Romance, Incubus
Anywhere on this road, Lhasa de Sela
Virgin Bride, Morphine
Redemption Song, Bob Marley
Red Right Hand, Nick Cave
Kiss of, Violent Femmes
Abas do Vento, Clã
Duia, Da Weasel
Kashmere, Led Zeppelin

Agora a ver se compro o Um Grande Salto.

*PS - Loser, Beck - o senhor Beck teve que ser preterido após uma iluminação no meio dos espirros e da tosse que me levou a trocar pelo boss. Como a música já se chama Loser, mesmo, não se deve importar...

Tuesday 23 August 2005

Gosto mesmo é de voltar

Soube que estava sobrevoar Portugal quando vi as nuvens. Não é que reconheça nuvens, mas estas eram amarelas. E não eram nuvens, eram fumo. Eram fumo de incêndios. Apetece logo ir à casa de banho fazer um chichi para ajudar a apagar aquilo.

Gosto mesmo de aterrar em Lisboa, procurar as casas, os edifícios históricos, os estádios. Antes, uma hospedeira com voz de cama disse-nos como apertar os coletes e nunca consigo deixar de pensar que aquilo é tudo uma grande tanga. Como é que se tem tempo para apertar o colete e soprar e puxar daqui e dali? Poramordedeus.

Cheguei a Londres na sexta-feira, deixando um grande calor aqui para chegar lá com 20 graus e chuva. Tive que ir comprar um chapéu de chuva, mas o mal já estava feito: foi preciso secar as calças e os ténis com o secador. O estádio, Stamford Bridge, não é nada de especial, mas está numa zona porreira, perto do hotel. Pelo caminho, aprecio aquelas casas de primeiro andar e paredes de tijolo. No avião meti conversa com a Isabel, que me ofereceu boleia para o hotel ainda estavamos a sobrevoar o Golfo da Biscaia. Nas malas uma tipa tirou-me do sério quando o tapete deu três voltas e a dela não apareceu, tão igual que era a outras tantas.

Escrever, comer sandes, escrever, comer sandes. Fish and chips nem vê-los. Sábado mais uma volta em Portobello dá para comprar outra mala e uns imans de frigorifico - sou LOUCA por imans de frigorifico. Pastéis de nata e café oferecidos. A coisa excepcional que me tinha prometido à conta de fazer anos ficou para mais tarde. Ainda falta uma semana e meia. Mais um pastel de nata.

Domingo bora lá para o jogo. Acabo de almoçar e vou para o estádio, onde me oferecem... almoço. Porra! Os tipos todos engravatados, há café, água, sumos e até cervejas à disposição. Passo hora e meia com o sol na cara, nunca mais usei o chapéu. Escrever, escrever. Jantar no restaurante Estrela, um bife à casa.

Chuva outra vez, táxi - com vidro a dividir a gente, que lá é a sério - , três livros por 18 libras, esperar o gate. Um miudo chora porque vai viajar sozinho. O vôo dura duas horas, temos direito a uma sandes de queijo com gordura de presunto e um queque. Depois as nuvens, amarelas. Afinal era fumo.

Thursday 18 August 2005

Pronto, lá vou eu...





London, Tube Map

O Frank Black está enorme

Acordei e fui ver o Globe Trekker, desta vez pela China. Gostava mesmo de visitar aquele exército de terracota que eles têm lá.
Almocei e dei banho à Joana. Ela esperneia, finge que não gosta, mas assim que a ponho de barriga para cima fica logo mais calma. (A Joana é uma tartatuga com quase um palmo).
Lavei a loiça e fui limpar a casa.
(antes fui à net)
Como a parte do pó é extremamente chata, liguei a TV na Sic Radical. Estava a dar um resumo de Paredes de Coura.
(xii o Bruno Nogueira é mesmo giro e tem jeito para isto. Fui à net).
Uns tipos sentados em puffs falavam sobre os concertos, sem que passassem quaisquer imagens. (ok, eu estava a aspirar, pode-me ter passado alguma coisa).
O vocalista dos Queens of the Stone Age estava lesionado, mas não demos por nada.
(que chato, já o rapaz dos Kaiser Chiefs também esteve a cantar a rebolar no chão).
Depois puseram também uma rapariga a dizer que foi um concerto bom, eficiente, ela até gostou, mas... Depois com o Pixies a mesma coisa. Apesar de eficiente, e eficaz
(eficiente e eficaz?? Mas é algum test-drive?)
não foi bom. O apresentador, um falhado daquele programa das cantorias da Sic, tinha na cabeça uns óculos esquisitos, qaue pareciam uma touca de enfermeira.
(O Bruno é que safa isto).
De repente imagens dos concertos – que gordo que está o Frank Black! Entretanto um zapping enquanto o chão da sala está a secar e apanho um teledisco do Seu Jorge (que charme, pá), em que aparece o Bill Murray a fazer de padre.
O Bruno Nogueira é repetidamente apalpado por uma miuda em directo e parece gostar. Tudo bem.
Cheira-me que este fim-de-semana me vou vingar, comprar algo excepcional e dizer que é uma prenda de anos para mim. Está na moda dizer isto para aliviar um bocadinho a consciência.
E assim se passa uma folga!

Podem também chamar-me de...

Your Japanese Name Is...




Hide Shimizu

Caramba, e não é que em estrangeiro também me calha um nome composto? Que coisa, pá!
(por acaso isto é tudo tanga, porque fiz mais que uma vez e dá sempre um nome diferente. Mas pronto, é Agosto e tá calor)
Este site, onde cheguei através dos esdruxulos, tem outros testes, mas acho que vou deixar o How weird are you? para amanhã. Tal como o nome havaiano... Caipira, filha, chega-te à frente que este segundo teste é para ti!

Aqui também somos pelo comércio justo


Como no Café é costume estar-se atento ao Mundo, hoje apareceram por lá brilhantes fotos. Para lá não se ficar sem lugares para mais alguém se sentar, ofereço aqui uma janelinha cor-de-rosa, porque quantos mais melhor.
E porque não me apetecia uma gaja (hoje já falei de mais nelas), escolhi o Damon Albarn. Mete tomates e os Gorillaz têm muita pinta. (por acaso ainda hesitei entre ele o Chris Martin... que se lixe)

Mais fotos em maketradefair

Wednesday 17 August 2005

Prémio mas é que fica mesmo bem!

É impressão minha ou o Zezé Camarinha fica mesmo bem naqueles anúncios da Olá?
É claro que o homem é foleiro, tem todo aquele anti-glamour e é mesmo brega, mas não consigo deixar de me rir com o «it's beef of cake, baby», e o «thank you very nice» à beira da piscina.
E um gajo que aceita gozar consigo próprio tem uma restiazinha de mérito.

Tuesday 16 August 2005

Tiro no pé

Não sei se foi boa ideia a da RTP em mandar um gajo chamado [Manuel] ALEGRE PORTUGAL fazer reportagem nos incêndios de Pampilhosa da Serra.

Monday 15 August 2005

É isto...

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Cá está ela, a ensaimada. Nem doce nem amarga, apenas um estado de espírito bem enroladinho.

Som puro

Para terminar a orgia que foi a passagem pelos U2 em Portugal, procurei avidamente na TV as reportagens sobre o concerto, entre o curioso e o invejoso de quem foi. Arrasador, nada menos que isso. O «um, dois, três, catorze», foi falhado por uma das tvs, as outras apanharam o momento de arranque. Para não variar, a SIC pareceu-me a que teve melhor reportagem: bastante concerto, q.b. de depoimentos - afinal já nos tinham chagado a cabeça na SIC Notícias com as entrevistas ao povo (sim, Little, tou ctg). Mas por cima disto tudo, o que mais me impressionou nas migalhinhas de felicidade que pudémos ver, foi a qualidade do som. Há muita gente que diz «para quê ir ao concerto ver aquilo de longe e com mau som?» Acontece que aquilo ontem estava tão bem tocado, tão bem afinado que parecia tiradinho do disco, dava quase para fechar os olhos.
Eles dizem que a partir de ontem são portugueses. Porreiro, pá.

Sunday 14 August 2005

Pódio da crueldade

1. Medalha de ouro: há muita gente cruel, mas ninguém como as crianças. E estas são cruéis porque dizem a verdade e nada mais do que isso, sem paninhos quentes. Não há a mentira bondosa, apenas as alcunhas feias, os degredados no recreio. Se não és giro não és fixe; se és gira entras no grupo, mesmo que comas os macacos que tiras do nariz;

2.Medalha de prata: depois temos os velhos, que acham que já podem dizer e fazer tudo porque já passaram por tudo na vida, incluindo passar à nossa frente na caixa do supermercado. (PS, alertado pela Little Arsonist: as velhas viram testemunhas de jeová)

3. Medalha de bronze: a seguir temos as gajas. Ah, que raça. Se gostamos somos amigas até à morte, contamos tudo umas às outras e quem se mete com a minha amiga ou pisa a mochila dela é como se pisasse a minha também. Mas se não gostamos somos as maiores cabras que for possível. Inclui um ódio inato à Catarina Furtado. (adenda: na maioria dos casos, ou pelo menos eu.)

Boa onda e a Liberdade no coração

Os U2 lá foram receber a Ordem da Liberdade e o Bono foi de camisa cor-de-rosa e chapéu, o Edge não tirou o gorro. Por mim maravilha. Tiveram que levar com o discurso do Sampaio, mas o Bono ele próprio também fez uma declaração comprida, bonita. Sampaio atribuiu-lhes depois a medalha, um por um.
Não pude deixar de sentir um arrepio - tal como todos os que estavam comigo na sala de olhos postos na TV, certamente - pela maneira verdadeira como pediu ajuda e falou para todos.
Fica-lhes bem, a medalha, ali ao lado do coração.
(foto Tiago Petinga/Lusa in publico.pt)

Saturday 13 August 2005

Top cinco do momento

Fui esdruxulada.
Por isso calhou-me, com muito orgulho, aviar aqui uma lista. Estas coisas dos tops dependem muito da disposição e da memória. Por isso esta é que se consegue agora, em Agosto, mesmo assim depois de pensar uns minutos.

Idiossincrasias - as 5 menos:
Pessoas que dizem «É assim»;
Acordar cedo;
Que um locutor de rádio me trate por tu;
Condutores que usam os coletes reflectores nos bancos dos carros;
Camionistas (tenho de repetir esta, ok?); (ah, e mails de corrente....)

Idiossincrasias - as 5 mais:
As amigas que choram de tanto rir a recordar noites de copos na faculdade há muitos anos;
Comprar cds e livros e ficar sem espaço para os arrumar;
Elogios mesmo de pessoas que não conheço;
Que tudo se diga numa troca de olhares;
Jantar fora durante horas ;

5 albums:
Radiohead - Ok Computer (é o álbum da década, do século, sei lá)
Jeff Buckley - Grace
Pearl Jam - Ten
The Strokes - Is this it
Ornatos Violeta- Cão

5 canções:
Ben Harper - Opression
Jeff Buckley - you and I (ai que difícil escolher uma!)
Nick Cave - Red Right Hand
Interpol - C'Mere
Radiohead - Idiotheque

5 albums no IPOD ou outro (onde??!! vou também pelo carro):
Jeff Buckley - Grace
Interpol - Antics
Nirvana - Nevermind
Ben Harper - Diamonds on the inside
Smashing Pumpkins - Mellon Collie... (vol.2)

5MP3s na playlist (aqui no computador, tá?, uma selecção ainda muito parca, senão o dito não arranca):
Lambchop- I can't even spell my name
Jeff Buckley - Dream Brother
Interpol - Evil
Jeff Buckley- So real (pois, tem de repetir porque copiei o disco todo)
The Clash - Rock the Kasbah

Os 5 blogs para onde isto segue:
Ora então vai para as minhas lindas do Café Desconcerto (Misanderstood, Little Arsonist e La Torrrtura, já são três), mais o recém-chegado experimental , e o Marujo e sus muchachas.
Se quiserem, claro.

Thursday 11 August 2005

Invenção vs distribuição

Cientistas completam mapa genético do arroz

«Um grupo de cientistas afirma ter completado pela primeira vez o mapa do código genético do arroz. Esta descoberta pode contribuir para tornar a produção do cereal mais barata e eficiente. (...) [O mapa] será usado para o melhoramento genético do cereal, tornando-o mais resistente e, consequentemente, aumentando sua produtividade. (...) “Este é um avanço de significado inestimável, não somente para ciência e para a agricultura mas também para todas as pessoas que dependem do arroz como sua dieta principal”, afirmou Joachim Messing, um dos cientistas envolvidos no projecto. Investigadores de dez países estiveram envolvidos na identificação dos 37.544 genes do arroz e no estabelecimento da posição de cada gene nos 12 cromossomas do cereal. De acordo com os cientistas, foram identificados alguns genes particularmente importantes que podem fazer aumentar a produção deste alimento, que segundo as Nações Unidas é responsável por 20 por cento da dieta alimentar a nível mundial.»
(in Publico.pt e estadao.com.br)

Tudo isto é muito bonito, não é?
Não me parece que falte arroz no mundo.
Ele existe, falta é que chegue onde é preciso.
Os cientistas, cheios de boa-vontade, dizem que isto vai ser porreiro para acabar com a fome no Mundo, mas eu desconfio um bocado.
Desconfio que o bonito arroz modificado, que deveria servir para ir para o Sudão e afins de modo a que as crianças deixassem de ter as barrigas inchadas, há-de aparecer nas prateleiras de produtos biológicos do Carrefour e do Continente. Ou nem isso.
A fome, essa, vai ficar onde está.

Choque de gerações

Ela, 25 anos fresquinhos:
-Olha, eu e o meu namorado estamos a comprar os DVDs do Serviço de Urgência, mas são tão caros!

Eu, bem-disposta:
-Pois, eu comprar séries acho um bocado desperdício, depois acabo por nunca ver. Se bem que gostava de ter aqueles do Verão Azul.

Ela, após uma pausa:
-Verão Azul, o que é isso?

-Hã?! Errrh...

Wednesday 10 August 2005

Porra, pá, tava a ver que não!

depois dos Xutos, era isto mesmo que estava a faltar:

U2 vão ser condecorados por Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade

«O Presidente da República, Jorge Sampaio, vai atribuir a Ordem da Liberdade, no próximo domingo, aos quatro músicos dos U2, uma condecoração que distingue uma banda rock que colocou a fama ao serviço de causas humanitárias.

O rosto mais visível desse apoio é o vocalista da banda, Bono, que nos últimos anos se empenhou no perdão da dívida aos países mais desfavorecidos ou, mais recentemente, no combate à sida no continente africano.O envolvimento da banda ao nível da dívida do terceiro mundo, a associação às iniciativas da Amnistia Internacional, o apoio à causa da liberdade da Birmânia e ao povo de Timor-Leste foram outros motivos apontados por Jorge Sampaio para a atribuição da Ordem da Liberdade.
(...) A condecoração de Portugal é entregue numa altura em que a banda cumpre 25 anos desde que editou o primeiro álbum, "Boy", em 1980.»
(in publico.pt)

Consta que o Sampaio vai chorar, até vai cantar com eles o «Sunday Bloody Sunday» e o «Vertigo» no encore, e o Bono já nem consegue dormir.

O senhor das moscas

Sexta-feira a RTP vai transmitir um documentário da BBC sobre José Mourinho;
Parece que se chama «The Special One» mas foi apresentado como «Ganhe como eu»;
Que por acaso é o slogan do BPI;
Que por acaso patrocina o Mourinho;
Que por acaso patrocina o documentário.
Nada por acaso, isto dá-me vontade de vomitar.

E podem ter um cheirinho do porquê aqui

Drops de melancia

Entrei no carro, tocava «Diamonds on the inside», do Ben. Dá-me para revisitá-los quando vêm cá e eu não posso ir. Abri o meu último pacote de rebuçados comprado na Estónia. São de melancia, mas verdes tanto por fora como por dentro. E veio-me à memória aqueles dias de sofrimento ocular.
Tirando o facto de só haver três horas de escuro por dia, em Talin não há homens bonitos, não se viu nem um.
As miúdas sim, loiras (mas um loiro bonito, natural), altas, olhos claros, clara influência nórdica - aliás a Estónia é muito mais nórdica do que eslava. Os rapazes não, pararam no tempo e são todos iguais ao Tino, muito corados, cortes de cabelos inimagináveis, patilhas inenarráveis. Os taxistas são russos, na sua maioria, falam um pobre inglês.
Dei por mim a olhar para as raparigas, que remédio, uma vez que o rapaz mais bonito da cidade até era português e estava só de passagem, como eu.
Acreditem, fizemos o exercício de estar num café na praça central a apreciar as vistas, tipo teste, e eles chumbaram todos.
De qualquer maneira, se a intenção não é procurar romantismo (com rapazes, pelo menos), aconselha-se uma passagem por lá, sempre dá para comprar umas vodkas.

Descobri que...

o que me tira verdadeiramente do sério é que usem as minhas piadas. Enquanto eu ainda estou na sala!
Imaginemos assim uma coisa hipotética:
Estou na galhofa com uns colegas, a coisa até me está a correr bem. Digo uma coisa com piada, a gente ri-se muito e depois entra outra pessoa na sala.
E diz assim um: «olha estávamos aqui a falar de sicrano. Não achas que até coiso e tal e záspástrás, hehehe!!!»
Todos se riem muito, mas acontece que o záspástrás era a minha piada.

Não é giro. Roubar assim as piadas dos outros é foleiro; pior do que isso, é fatela.

Tuesday 9 August 2005

Ou então não...

Bom, esqueçam quase tudo o que escrevi antes:
Fui enganada pela consulta ao mui sério Público (que tem falhado muito, diga-se), mas afinal o Psycho que está a dar é aquela versão do Gus Van Sant, que imita frame a frame o original. Comi o gelado e meti o DVD, que gaja prevenida vale por duas...
Ao menos o Discovery já aterrou.

Psycho-killer

A enxaqueca já se foi.
Logo, pelas 22.30, é hora de desligar as luzes, baixar a persiana, abrir a janela, arranjar duas bolas de gelado (light, claro) e ligar a TV no AXN.
Abre-se o pano para Psycho e para hora e meia de vertigem hitchcockiana. Depois dele os duches nunca mais foram os mesmos.

Euromilhões (IV)

Este faz parte de uma série começada no Café, mas não teve tanta aceitação como os outros que por lá andam, por isso fica aqui neste cantinho.
Só me consigo lembrar de duas palavras:
«Sim, mestre».

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(Ewan McGregor, foto celebrity-exchange.com)

Monday 8 August 2005

Coisas que me tiram do sério [Conversa no Café]

- homens com unhas compridas;
- que não me agradeçam no trânsito ou não digam obrigado quando seguro uma porta;
- chamadas em espera;
- camionistas;
- telemóveis a tocar no cinema;
- sol nos olhos;
- sapatos apertados;

Sunday 7 August 2005

Porque é que há livros que resistem?

1. Por falar em On The Road, ando há dois meses a ler o Big Sur do Jack Kerouac;
Estou a fazer um esforço enorme porque a escrita dele é complicada e isso irrita-me, mas quero ver se acabo. Comecei o On The Road/Pela Estrada fora, mas encostei-o rapidamente às boxes.
2. Não há direito. eu já sei que não vou conseguir ler na vida todos os livros que devia e queria, por isso é ainda mais chato quando um que a gente escolheu dá este tipo de luta;
3. Apesar de tudo o que está acima, consegui despachar há tempos o Crime e Castigo (Dostoievsky). Comecei e pousei-o pelo menos três vezes, mas algo naquilo me obrigava a continuar. À quarta vez, mesmo quase já sabendo de cor a primeira página (Raskolnikov sai de casa às escondidas para não ser apanhado pela senhoria...), consegui. Primeira vitória.
4. O Ulisses, do James Joyce, será o desafio mais aterrador até agora. Tenho-o há anos, assustou-me o último capítulo, páginas e páginas sem pontuação. Mas ainda tenho esperança.

On the road

Conduzia no meio dos incêndios ao mesmo tempo que usava o rádio do carro para sintonizar uma estação qualquer. Apeteceu-me - como muitas vezes acontece nas viagens grandes - percorrer todo o éter, deixar que todas as estações da zona tivessem os seus quinze segundos de fama. Acabei por parar na Antena 1 (bendito aquele que inventou o RDS, porque senão tinha que ficar a ouvir Tony Carreira ou pior) e numa música daquelas que a gente sabe que conhece, são épicas, já ouviu há muito, mas não sabe bem de onde. Depois de momentos de suspense para saber quem era e até ter pedido ajuda, a resposta veio. Era a sôdona Maria Guinot - da qual só me lembro de um piano e cabelo, muito cabelo -, e a música chama-se «Silêncio e tanta gente». Ganhou o festival de 1984, mas isto já é informação que não sei se é util...
Fica a letrinha, para ver se nunca mais me esqueço.

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro o amor em teu olhar
É uma pedra
Ou um grito
Que nasce em qualquer lugar

Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal aquilo que sou
Sou um grito
Ou sou uma pedra
De um lugar onde não estou

Às vezes sou também
O tempo que tarda em passar
E aquilo em que ninguém quer acreditar
Às vezes sou também
Um sim alegre
Ou um triste não

E troco a minha vida por um dia de ilusão
E troco a minha vida por um dia de ilusão

Às vezes é no meio do silêncio
Que descubro as palavras por dizer
É uma pedra
Ou um grito
De um amor por acontecer
Às vezes é no meio de tanta gente
Que descubro afinal p'ra onde vou
E esta pedra
E este grito
São a história d'aquilo que sou

E troco a minha vida por um dia de ilusão

Nature Boy

Esta música já foi cantada por várias pessoas, como o Nat King Cole, o Caetano Veloso, o David Bowie e a Lisa Ekdahl. Em qualquer um deles soa maravilhosamente, por isso devia correr bem mesmo que eu a cantasse. Por enquanto só no carro, com a voz de um deles bem alto por cima:

Nature Boy

There was a boy
A very strange enchanted boy
They say he wandered very far, very far
Over land and sea
A little shy and sad of eye
But very wise was he

And then one day
A magic day he passed my way
And while we spoke of many things
Fools and kings
This he said to me
"The greatest thing you'll ever learn
Is just to love and be loved in return"

(Letra e Musica de Eden Ahbez)

Saturday 6 August 2005

Ai não?!

Assim de maneira geral, não gosto de Pink Floyd nem de Rolling Stones.
Será apenas um problema de má colocação geracional, sou dura de ouvido ou apenas má pessoa?

Bom dia!

Daqui a um mês, espero acordar com vista para aqui:

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You and I

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Este rapaz que está ali abaixo na minha primeira foto chama-se Jeff Buckley.
Chamava-se.
Chamava-se porque morreu em 1997, quando preparava o segundo disco.
O primeiro, «Grace», de 94, é nada menos do que perfeito. (Sim, já sei que me acusam de só gostar de mortos - este, mais o Jim Morrison e o diabo, mas não tenho culpa).
Descobri-o depois de morrer, fica sempre uma sensação de impotência, de que ele podia e merecia ter feito mais do que desaparecer com 31 anos.
Saiu outro disco, «Sketches for my sweetheart the drunk», mas já não é dele, não é verdadeiramente dele. Tem músicas gravadas em casa, primitivas, ainda com o som do dedo no microfone a fazer de bateria. Foram escolhidas pela mãe e pelo Chris Cornell, grande amigo.
Saíram outras coisas entretanto, sobretudo registos ao vivo, uma vez que praticamente não há mais nada.
Eu gosto, gosto muito, tanto que confesso que cheguei a escrever para uma espécie de clube de fãs em Nova Iorque. Incrivelmente responderam-me, mandaram-me uma palheta amarela. Coisa nunca vista...
E compro, vou comprando, ouvindo e tentanto dá-lo a conhecer a todos os que apareçam à procura de boa música.

Untitled

Entristece-me muito que a expressão «não circunscrito» seja a mais usada por estes dias em Portugal.